quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

se você insiste em dizer
que não gosta de homens
me vejo sem saída
esgotado na impossibilidade
natural de ser teu
só me resta virar um travesti
metamorfosear-me em mulher fatal
esperando assim que sacie as ânsias
de seu lesbianismo encantador!

domingo, 7 de dezembro de 2008

, capítulo um

CAPÍTULO 1. É noite. O homem está em uma rua deserta, bem escura e caminha a pé. Ruídos são ouvidos em um beco transversal. Barulhos de lata de lixo. O homem está de preto. Botina de couro, seu andar provoca um som melancólico e persistente. Dá poucos passos até chegar em frente à um estabelecimento chamado “Lino´s Midnigth”. Parecia um bar ou uma boate, sub-solo. Sem hesitar entra no lugar.

Chega ao bar. Todos o percebem. É um desconhecido. Ele causa uma visível apreensão nos “fregueses”. O homem atrás do balcão permanece indiferente, seca um copo com desleixo e tem um palito na boca. O bar está parcialmente vazio. Além do dono, estavam lá três prostitutas, um homem solitário e dois traficantes de crack(aparecerão duas ou três pessoas do banheiro mais tarde).

O homem senta, pede uma dose de uísque e percebe as prostitutas. Ele tem aproximadamente 30 anos. Pouco se sabe sobre seu passado, mas seu presente será esclarecido mais adiante. Não trabalha em nenhum lugar. Parece, à primeira vista, que tenha feito algum curso antes de se tornar um viajante. Não tem vínculos. Vive sabe-se lá como para se manter . não possui qualquer tipo de receio moral. É valente. Robusto. Violento. Só que sua violência tem um toque de delicadeza, seus crimes são como poemas. Ele era guiado por uma espécie de tábua de valores a serem seguidos. Ei-la:

Artigo primeiro: ser um espírito livre, pensar por si.

Artigo segundo: ter objetivos claros a cumprir

Artigo terceiro: usar de violência quando necessário

Artigo quarto: pensar friamente quando cometer um crime.

Artigo quinto. Desconfiar de todos

Artigo sexto: amar a solidão

Artigo sétimo: deitar apenas com prostitutas.

Existem mais outros artigos que serão esclarecidos na medida que a estória se desenrolar. Dessa última máxima resultou o interesse nas prostitutas. Chegou no bar afim de molhar a garganta com álcool, fumar, talvez apostar com alguém na sinuca ou conseguir uma boceta na qual depositar toda sua fúria e coragem. Apesar de ser um rebelde, transgressor, tinha lá sua ética.

Artigo primeiro de seu código de ética: nunca estuprar uma mulher

Artigo segundo: nunca matar uma criança menor de doze anos.

Artigo terceiro. Cobiçar a mulher alheia quando necessário ou conveniente.

Artigo quarto. Roubar não é necessariamente um crime.

Artigo quinto: evitar matar pelas costas

Artigo sexto: nunca fugir de um duelo:

Artigo sétimo: nunca trapacear no poker e punir com a vida quem for pego no ato.

Artigo oitavo e último: todas as clausulas acima podem ser anuladas.

Eis a sua ética.

Olhou para as três sentadas. Tomou seu último gole, foi ao junkebox e colocou um blues. Se aproximou da mesa das moças. Restavam em cima de um espelho três carreiras grandes de pó. Havia um cinzeiro cheio de guimbas sujas de batom. As putas eram bem decadentes, embora todas fossem bonitas. Uma era uma preta bem servida de carne, seus lábios eram fartos assim como os de sua boceta, seu clitóris mais parecia uma pica atrofiada e seus olhos eram negros. A outra era magra, de baixa estatura, branca cabelos lisos e pretos, uma estética meio punk, eu diria. A terceira era oriental.

Seu espírito estava de tal forma extravagante. Jovial. Estava transbordante. Não dava mais para conter seu ímpeto. Queria ir pra cama com as três. Sentou à mesa, propôs isso, foi aceito. Tinha umas notas na carteira. Elas sabiam que o sexo daquele homem seria inovador e potente. Seu pau era grande e já havia comido três mulheres em situações passadas e sempre obtivera bons resultados. Fez seu ritual de sempre, jogou as três na cama, pressionou contra a parede uma que ficou um pouco nervosa com sua atividade intempestiva. Gostava de ver uma mulher de quatro. Gostava da submissão feminina. Apreciava, sobretudo, aquelas mulheres que sabiam como ser submissas. Ao olhar elas de quatro penetrava-lhes sem ver seus rostos, mas sabia que estavam curtindo. Tinha costume de rasgar as calcinhas, bater na bunda e quando encontrava a mulher certa batia em sua cara com um força média para deixar as marcas de seus grossos dedos. Comeu as três piranhas durante umas duas horas e meia. Até que se cansou e fez com que duas delas fossem embora. A negra e a oriental foram-se. Sobrou a branquinha meio magricela, mas certamente com um sex apeal. Dormiram juntos, abraçados, logo ele que só se deitava com putas. Algo no cheiro daquela CADELA-CHUPADORA-DE-PICA o deixou meio fraco, meio bobo e feliz. Nosso herói pensou em acordar mais cedo e sair sem deixar pistas. Entretanto, quando se levantou a puta já estava acordada, de banho tomado e ainda comprou um maço de cigarro para ele. Confesso que percebi uma certa angústia em nosso personagem pelo fato da mulher ter adivinhado que ele gostava de fumar um cigarro logo depois que acordava, antes mesmo de comer alguma coisa ou beber água. Era inevitável ter que lidar com essa mulher durante mais algumas horas., embora isso não representasse nenhum incômodo. Pela manhã, seu apetite sexual era forte. Aquela garota cujo nome era Julia parecia forte demais, era viciada em crack, mas sua força era evidente. Suas delicadas olheiras e sua magreza podem ser relacionados à sua escravidão ao crack. Como sabemos, um senhor severo e com falsas promessas. Acendeu um cigarro e aceitou o café da então Julia. Perguntou sua idade: 17. Ele tinha na verdade 34. Achou belo e catastrófico ver uma menina tão jovem viciada. Sua bunda não era grande, nem seus seios, tinha uma barriga delicada, algumas tatuagens um pouco violentas para uma dama. Ela sentou bem a sua frente, estava pelada, não tinha vergonha, também fumava um cigarro. Cruzou as pernas vagarosamente e ele acompanhou a sublime dança de seus pentelhos.

Início do diálogo e fim do primeiro capítulo.

- você foge de alguém, alguma coisa?

- eu apenas procuro coisas, respondeu ele.

- não tem medo dessa vida?

- o medo é o egoísmo da vida.

- não pensa em se acalmar, aposentar?

- aposentar de quê? Eu não trabalho..

- então como vive?

- digamos que eu aproveito bem as oportunidades que a vida oferece.(roubo de mendigos e miseráveis, às vezes seqüestro pessoas importantes, todos me conhecem, por isso vivo em fuga. Tenho caso com algumas senhoras endinheradas que dão qualquer coisa para ter minha companhia. Nos intervalos de nossas fodas conversamos sobre literatura, filosofia e cinema, lógico que elas não entendem nada dessas coisas).

- e você, pergunta se eu fujo, mas vende o pedaço mais sagrado de seu corpo por um preço risível.

- não é pelo dinheiro. Desde pequena sabia que ia ser puta. Sempre usei meu corpo ou um boquete para ganhar algo que as meninas comuns não tinham, como um carro velho aos quinze anos de idade. Gosto de me sentir puta. Gosto dessa relação financeira. Isso me excita. Podia ser uma puta de um homem só, como casar com algum velho cheio da grana. Mas me agrada ser uma puta de vários homens. Assim me sinto livre. Além do mais sou viciada em três substâncias. Cigarro, álcool e crack. O crack me satisfaz melhor que uma pica. Pelo crack eu vivo e por ele hei de fenecer.

- esquece isso de ser puta. Vem comigo nessas aventuras. Você é a pessoa ideal para me acompanhar nessa jornada de subversões e nos meus anseios literários. Além de ser assassino, sou poeta. Vamos nos divertir, você pode me ajudar a ferir os otarios com sua beleza e eu posso te proteger de ameaças. Eu prometo que iremos nos embriagar todos os dias com os melhores vinhos. Esquece isso de ser puta. Seja minha putinha particular. E seja uma louca para me acompanhar nesses dias que podem ser os últimos.

- com toda sua exuberância fica difícil resistir. Agente pode roubar um caminhão e cruzar o país, não seria fantástico?

-

sábado, 29 de novembro de 2008

é quando a lua, soberana, repousa
sua amarelidão no mar calmo e morno
e o ar, ameno, espalha a maresia lambendo
saias e vestidos

em dias como esse
em que bebo conhaque ordinário em copo descartável
o diabo veste uma roupa branca e resolve
brincar com as crianças...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ser poeta, sobre o poeta e o poetar

e o problema do poeta é não saber
se é de fato um poeta
se é anônimo, seu anonimato o desqualifica
se é aclamado, o povo é o pior juiz
se é imortal, bom, ai já morreu mesmo

ainda tem o problema paradoxal
entre dom divino e liberdade de escolha
eu posso escolher ser poeta?
ou o poeta é escolhido?
a poesia pode ser praticada?
é possível evoluir, poeticamente?
não sei...

pra mim o poeta é aquele que faz
mas desconfia da própria feitura
por precaução,
digo-me um incendiário, baderneiro qualquer
e não poeta.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

escrever, escrever, escrever
já está provado que escrever é melhor que viver
os bons momentos sempre passam
a espectativa nunca é correspondida
a felicidade é um sorrir
que logo voa ao vento
o amor-talvez a âncora do homem
tanto tem de dolorido
quando correspondido
tanto tem de nostálgico
o amor- como é melancólico
"mera troca de saliva"
diante disto,
melhor é subir uma montanha
olhar o pôr-do-sol
e fazer um castelo de versos!

sobre a inspiração

se diz poeta
mas quando senta
olha o branco papel
e nada escreve
um mortal silêncio
o acomanha

não há musa por quem chorar
viver ou não se tornou um detalhe
virou niilista
precisa o homem se tornar imortal?
a aclamação pública é legítima, desejável?
se ele não é feliz
porque então não é triste?
nada parece plausível
escrever é inútil
na melhor hipótese
um exercício capaz de nos fazer
esquecer de nós mesmos
um breve instante impessoal
dez minutos de calmaria
em meio ao furacão.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

angústias do artista

E a arte nada mais é do que a necessidade fisiológica do artista. Música, poesia, pintura, a arte é a paranóia da humanidade. O artista delira, deliria livremente. Procura por todas as partes. Pode não ser especialmente feliz com a existência, mas tem algo a dizer e disso não abre mão. O artista admira sobretudo os mortos, daí vem a solidão e a madrugada fria e silênciosa. O dia, pode-se ver, emana poesia, o fluxo dos ventos lambe a vegetação, pássaros cantam, carros buzinam. Porém, é a noite que oferece a lua como uma mulher despida e, na forma de luz amarelada, espalha essa essência dramatica nos ares da cidade. O verdadeiro artista anda anônimo entre bares, senta, pede uma bebida forte e puxa conversa com quem aparecer. Está meio confuso, não consegue ter certeza de seu potencial, tem um segredo guardado: acabara de escrever uma obra-prima, ninguém percebeu sua mudança, apenas ele mesmo. Vomitou palavras, inventou uma estória, lembrou de outras, modificou outras tantas, mas agora parece que respira aliviado. Depois de ter escrito tudo aquilo provavelmente será perdoado, pelo menos por um instante. Ele não olha para o mundo ao redor, parece que sobrevoa.
você diz que não me ama
mas quando comungamos nossos corpos
num abraço morno e eterno
a vontade que bate é nunca mais
deixar de nos abraçar
você diz que não me ama
mas quando num bar bebemos
perto nos sentamos
e sua cabeça desliza para mim
e me acaricia com o rosto
você diz que não me ama
mas levemente me chupa
e baixo sussurra
você diz que não me ama
mas me olha nos olhos
e sempre procura alguma coisa
você diz que não me ama
mas ficamos em silêncio
e nos entendemos nesse não falar.
você diz que não me ama...
você diz que não me ama...

domingo, 26 de outubro de 2008

náuseas

Confesso. posso estar esgotado ou confuso com os relacionamentos nos quais me envolvi nos últimos seis meses. primeiro, uma descoberta incrível, um amor embalado pela brisa morna do verão. Após as águas de março e logo quando as primeiras cores pálidas do outono chegaram, o amor se esvaziou na eternidade do "nunca mais poder acontecer". o objeto amado disse: chega!, basta!, não suporto mais essa mentira, preciso fugir, os ares do inverno me deixam melancólica. Depois disso, ódio, ou seria indiferença? um certo abuso de drogas acompanhou o processo, acabei me envolvendo em relacionamentos múltiplos( mentiras, traições de todos os tipos, ter que lidar com duas, três pessoas diferentes e o dia só tem 24h). Porres, noitadas, gargalhadas, desespero, sexo casual. Eis que no auge de julho, quando espantávamos o frio com conhaque em um casebre bem longe de todas as capitais, você, de uma forma inexplicável, aparece e pinta de verde a noite escura. Você, com esse olhar doce, dread lock´s e pés descalços. Definitivamente você, com sua poesia inflamável e sua delicadeza ao pagar um boquete. Completamente você, o verão se aproxima e vida ainda nem começou.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

soneto (de amor)

Em seu retrato me debrucei noites inteiras
É inacreditável que por ti chorei a luz de vela
Embebedei-me por vergonha,essa é minha maneira
Mas depois de tanto tempo ainda nunca vi mais bela

Esse é meu ode ao seu nome,ao seu corpo completo
Seus olhos verdes sempre me deixaram ereto
Ainda é fresco em minha mente o cheiro da tua anca
Que andava pelas ruas mostrando sua pele branca

Agora andas longe de mim,tão longe que mal posso
Te prever,a beleza deve ser ainda sua única qualidade
Beleza que perfuma os cabelos,os dentes e até os ossos

Infinita e bela,você é minha cela,minha amiga marcela
Estou preso ainda em seu braços.Como namorado eu
Fui péssimo,mas como amante te prometo o céu!!!!

domingo, 28 de setembro de 2008

Apanha por todas as fraquejadas que você cometeu, por que tão imaturo, apanha e sangra, pois eu quero fazer um templo para esse seu falso sofrimento, para essa ilusão que te alimenta e te consome. Chora que eu quero rir da sua miséria, a vida sempre dá presentes enquanto tanta gente se enforca em plena primavera. Um dia de sol, seu nome era Amanda, selvagem, saiu com suas amigas para a noite. Viu dramaticamente seu namorado beijando outra boca, aquilo foi demais, não era para ele ter feito aquilo, não depois de tudo, depois de chupa-la toda pelo avesso, sugar seu fluido mais diabólico. Chegou em casa e olhou meio tonta para doze andares de queda livre, não deu outra, se jogou sem pensar, como tudo que ela fez em vida, se jogou sem pensar e hoje seu cadáver já deve ter sido devorado pelos vermes do cemitério.

Cerimônia discreta, nenhuma nota no jornal local, sua morte passou desapercebida, sua mãe contraiu uma moderada ansiedade após sua morte, parece que sua vida se dissolveu junto com sua filha, dormiu dopada uma semana e acordou doida. E então a cidade caminhou devagar como em tempos de mormaço de verão, uma preguiça mole deixava João Vitor deitado na cama, hoje ele ia casar.. mas não foi

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Homenagem ao senhor Friedrich Nietzsche

Não me venha com esse papo de salvação
o paraíso que promete não me atrai
nada de perfeição e ausência de dor
não cometo pecados, porque não existe o pecado
espero apenas ser, de fato, uma ponte
entre o macaco e o super-homem
meu caminho é a vontade de poder
a vontade de vida e a celebração da mesma
ando pela rua e vejo a face da miséria
o sofrimento que empalidece todo calor humano
estão todos paralisados pelo trabalho sem finalidade
e pela falta de liberdade de pensamento
parece que todos cultuam e esperam a morte
que morram, pois, logo de uma vez!

à natalie

ó musa enterna
responsável por todos os meus poemas
melodia de todos meus cantos
causadora de minhas dores
e alegrias supramas
sua beleza é evidente,
está na cara
uma beleza psicodélica, eu diria
tu és um argumento a mais
para se dizer "sim" a vida
e por ti abro essa garrafa de vinho
e bebo cada gole como se fosse um beijo
só assim posso suportar essa distância
entre nós...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

canto do amanhecer

na fria noite
um silêncio perturba
a solidão guarda
uma liberdade amarga
fechar os olhos e voar
talvez fosse isso felicidade
como uma águia
branca e implacável
tão cheia de si
que fita o sol
sem queimar os olhos ..

fragmentos

lábio, língua, lascívia
corpo, toque, arranhão
cama, lençóis e o chão
caldo, suor, perfídia

do seu corpo quero escravidão
quando me açoita, convalesço

chicote, couro, cocaína
espelhos, vermelho, batom
pacto, traição, morte
sangue, navalha e o corte

do seu olhar quero essa paixão
quando bebo seu sangue, renasço.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

rimas pobres para namoros mediocres

a vida não te quis em meu braço
o que eu poderia fazer então
implorar, te matar subitamente de paixão?
do presente que te dei nem arrancaste o laço

ás vezes em sonhos vontade
tenho de pedir à satanás
que de volta te traga sem alarde
pois sem isso não viverei em paz

o que me salva são os amigos
que ouvem, aconselham e dão abrigo
das frescas uvas se faz o vinho
e para a tristeza basta estar sozinho

por ti nutri os mais belo sentimentos
tão nobres que não os teria novamente
virgem como tu só no convento
faço sem problema o papel da serpente

mas enfim minha vida continua
eu bêbado olhando a lua
se eu sou a pupila, tu és a íris
e seu nome rima com arco-íris

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

viver é ter uma dor de dente
pensar na possibilidade de ter
engravidado alguém
e ao mesmo tempo
ter que entregar um relatório
amanhã de manhã...
deus pra mim é um entardecer
visto de cima de um morro
que tem perto aqui de casa
ao seu lado ou sozinho
na cabeça apenas brisa
e na mão uma garrafa de bebida
deus pra mim é ler fernando pessoa
e fumar charuto
espiritualidade no meu caso
é ouvir seu silêncio e nada dizer
o que me salva é a certeza de que todos
estão errados e eu talvez também
meus deuses são todos orixás sensualíssimos
debochados e farreiros ..
liberdade é escrever bobagens
e chamar de poesia, por fim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

pequeno talismã
pedra rubra e incandescente
brilho intenso
fogo de palha
imersa em devaneio
seu silêncio me acalenta
não tenha medo do precipício da paixão
estou bem perto dele e te chamo...
não sei se vem, se vier não demore
eu já pulei e te espero lá...
como eu poderia expressar meu amor por você,
minha pequena junkie??
seu cabelo desgrenhado representa sua liberdade
suas tatuagens, seus piercings, seu alcoolismo
você é caoticamente bela
seus labios ressecados precisam dos meus -úmidos-
para largar de vez a manteiga de cacau
essa sua estória de foder com homens e mulheres
diria até que te amo, mesmo sendo lésbica.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

você é tão doce...
pensei, talvez...
precipitei-me
é que além da nossa distância
você tem uma estranha maneira
de não ter pressa, e nesse
quase não querer
o amor pode morrer
pude, ao te olhar nos olhos,
provar-me parte do eterno, do divino
então deixemos de cerimônia
e vamos logo nos comer!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

estou novamente de volta
esse mesmo bar mal iluminado
aqui eu encontro as pessoas mais geniais da cidade
todos perdidos, todos entregues ao presente e ao prazer artificial
sento sempre no balcão
peço aquela dose de sempre
conhaque quente
é preciso sair, beber, e todos os dias estar aqui
pois senão o tédio vem
pois senão caimos na mentira de felicidade
que a sociedade promete
comprar o aparelho mais novo e sorrir um riso branco
de quem não fuma cigarro
dou graças a todos os orixás
por não ter alguém que me ama
por não amar ninguém
por não saber quem sou
por tudo querer e nada ter
não saber o que farei pelo resto da vida
tudo pode acontecer e mudar
esse caos pode me deixar maluco..
mas antes ele que o mormaço
maldito da previsibilidade!

terça-feira, 1 de julho de 2008

meu amor, minha doce desesperança
você é como o pó que corrói meu nariz
você é a cirrose de minnha existência
meu amor é grande, meu pensamento limitado
não quero me casar com você
preciso de tempo, preciso de espaço
fazer poesia requer solidão
só um telefonema em uma madrugada
- qualquer-
bastaria, bastaria...
diga-me, por favor, que eu tenho algum valor
que meu rock and roll é pirado e cool
confesse entre soluços
que só minhas mãos são capazes
de te fazer gozar...

terça-feira, 24 de junho de 2008

aonde vou chegar com a filosofia?

o ser e suas implicações
a alma e seu atributos
deus e sua incorporeidade
sua eternidade, sua transcedência
e sua morte.
o pessimismo, o homem é uma paixão inútil
projeto de um deus falido
a arte como refúgio
a tal da contemplação desinteressada
para curar a dor da existência
o eterno retorno do mesmo
ou o corpo é uma prisão?
ou o corpo é corrupção?
se a verdade é uma mulher
acho que sou gay
mas aonde essas águas hão de me levar
se não se entra no mesmo rio duas vezes?

ai às vezes canso

pergunto ao pessoa o que é a metafísica
vou aos russos e descubro como se escreve
sobre a neve e o cinza
talvez o fog londrino tenha feito Byron
beber vinho com um crânio humano
ou então o calor dos trópicos tenha matado
Álvarez aos vinte e quatro

volto à realidade

ainda falta a "coisa em si"
o "fenômeno"
a "defesa dos sentidos"
as "doze categorias"
talvez o conhecimento seja possível
e seja uma virtude
a filosofia não é obrigada a dar respostas
inclusive até hoje não me disse porque
você se foi
nem me explicou direito o amor.
amor já não aguento mais tanta miséria
estou sufocada, sem ânimo
morte, fome e psicose
calma, honey, vamos ouvir um samba.
você, sua cachaça e sua música
o que tu pode fazer?
nada..posso apenas desligar a televisão
e te foder sem pressa..

quinta-feira, 12 de junho de 2008

rimas que vivem com menos de um dóllar por dia

tanto tempo se passou
a vida é mesmo uma miséria
e de fato você nunca me amou
nenhum pedaço de minha matéria

se não choro, é por incapacidade
de forma alguma aceito essa realidade
grito aos deuses e à satanás
que me tirem desse jogo com um par de ás

se ainda canto, canto só para ouvir
essa triste melodia, dos chuvosos dias
olhar pela janela e ver a vida se esvair
e de fato, do que valem essas melancolias

não sei. faz frio em minha solidão
de meu peito escorre mágoas e podridão
é um contra senso perder seu perfume
desse néctar maravilhoso só restou azedume

quem nunca amou não entenderá
o sangue e a dor desses versos
desse presente maldito, desse passado perverso
digo foda-se a tudo, sem ao menos dizer "será".

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Coloco em minha boca um gilete bem afiado. Olho para seus olhos, dou-lhe um beijo na testa, tiro seus peitos para fora. Eles saem como se tivessem molas, são macios como balões d’água. Pronto. Agora é só rasgar um pouco a carne e ter cuidado para não furar essas veias roxas que habitam um peito...

Agora está tudo certo... eu e minha gata banhados em sangue maldito. Lambo-lhe os bicos e ela grita, rosna e pede mais, mais, mais, que morda como faz um bicho raivoso...

terça-feira, 27 de maio de 2008

anventura com uma flor

Vocês não conseguiram arrancar meu espírito, a duras punhaladas minha honra ainda está límpida, meu coração bate nervoso em meu peito. Estamos a poucas horas do fim do dia, do recomeço de outro; vou poder amanhã, com o sol radiante a me aquecer, refazer as coisas que ficaram pela metade, sempre deixo de fazer alguma coisa no dia, não deveria ser assim, não há como fazer muita coisa na vida. O tempo é cruel, já tinha quatro anos quando me dei conta que existia ,sempre estou atrasado, em todos os sentidos...
Agora mudo de música, ajeito a posição, penso em você e me derramo em lágrimas, profundamente arrependido com a vida,não! Você pode fazer parte de minhas experiências, somos jovens e felizes, aproveitamos a lua cheia e bebemos vinho a noite inteira, bebemos vinho a noite inteira; gosto de repetir, de gritar, sussurrar ao ouvido da crente mais recatada que estou louco para foder com ela, mostrar como o mundo é sedutor, ela diz, berra que eu sou uma tentação. Isso está ficando bom demais, deus iria me punir por aliciar essa jovem, deus e os homens agora duplamente podem me acusar de sexo com menores(ela tem 14) e ainda perversão de evangélica, o que constitui injúria ainda maior. Mas é que ela me olhava de um jeito excitante. È bom demais se sentir o mentor intelectual de alguma coisa, como um grande responsável, me sinto culpado pela perversão, pela sujeira do mundo, logo eu que nasci a duas décadas atrás, depois de milhares de guerras, gerações inteiras que se sucedem cada vez mais sujas...

Ela me via como o único capaz de saciar seus desejos animais, desejos incontroláveis, levavam-na a corar a cada sorriso, isso na minha frente!!!! ela me questionava como é ser tão experiente, ter conhecido várias cidades.Eu nada falo agora,ela precisa de tempo, ela tem que se recuperar do embate intelectual. Eu definitivamente tenho opiniões que ele nunca ouvira antes, minhas palavras incendeiam sua buceta quente, que agora está em minhas mãos, meu poder, meu controle; eu acaricio-a de leve, ela parece chorar, essa careta me excita mais ainda, ela já quase implora para que eu saia do quarto(isso é um ótimo sinal)eu realmente tenho que sair, nem comi ela, apenas dei mais uma lambida em sua buça. “ Vou ficar com a calcinha”, eu disse,e ela logo retrucou com o argumento de que sua mãe não iria gostar de ver ela voltando para casa sem sua peça íntima, eu disse por fim que era para dizer à ela que deu vontade de cagar e não tinha papel e você foi obrigada a limpar o rabo com a calcinha...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

pequeno conto- à memória da senhorita aline

Um pouco de luz ambiente, uma boa musica rola, acho que estou satisfeito. Não estou propriamente com sono, se trata apenas de uma turvação leve na cabeça; nada muito preocupante, como tudo nessa minha vida, aliás.
Me vejo em uma situação com a qual não me deparo já fazia um certo tempo, principalmente quando falamos de mim, que sou um apaixonado sem causa.
Parece que é outono em meu espírito, uma brisa leve e fresca desarruma meus cabelos, não importo tanto assim com a aparência. Meu intelecto sempre busca desenterrar coisas, descobri novos odores e quem sabe até role um sexo hoje à noite. Nem me fale na probabilidade de chupar o cuzinho da Aline. Ela é uma brasa de mulher. Baixa, bunduda, metida, tem um nariz empinado como se ela e sua bunda representassem algo no mundo. Mas é assim que eu gosto, não me pergunte porque.Eu tenho clara consciência de que esse tipinho de mulher é encrenca pura, provavelmente não a desejo como mãe de meus filhos, mas é que botar ela de quatro e dar-lhe umas boas porradas naquele rabo branco é um prazer sem comparação. E ela parece que gosta de apanhar, ela também tem plena consciência de que ser gostosa daquele jeito chega a ser um erro e precisa ser punida...
Ela me deu na festa da sala. Eu sei que eu provoco um certo arrepio em seu pescoço quando passo, mesmo com meu cigarro inseparável que ela detesta. Passei ao seu lado no intervalo, ela nem me olhou, é assim mesmo, já estou acostumado, mas nem faço muita questão de trocar cumprimentos com ela, meu negócio é outro.
Talvez eu seja o único da faculdade que sabe que ela não presta.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

poema elementar- sexta e última parte

o desejo de morte me assola
meu coração bate exausto
vinte anos e a desenperança de um velho
cadê o amor à vida?
o sentimento de eternidade
comum aos jovens
não me toca
esse é o preço do ceptcismo
do ateísmo
as coisas não darão certo
sinto falta de uma referência
ninguém ao meu lado parece preparado
aonde está a serenidade budista?
meu nirvana é depressivo
sou boemio, vivo com as putas
as putas são minhas mentoras
vivo no caos, enfim
o mundo parece acabar.

poema elementar parte 5

nem a aposentadoria te dará
a calma de que precisas
nem casar, ter filhos
amar...
ter uma carreira
comprar um carro
tudo será devidamente esquecido
o homem moderno precisa saber disso
esquecer, enterrar deus
não temer o desejo
não se envergonhar dos instintos
a duvida como único princípio
no tempo do universo sua vida é insignificante
mas aproveite
mude,prove os sabores
tenha sempre a originalidade
tudo será esquecido
saiba se impor
aceite sua condição
mude sua condição para melhor

poema elementar parte 4

se deus existe?
algo acima de tudo
uma força maior
sempre haverá algo de primordial
você procura um refúgio
você tem medo
o homem e sua necessidade de criar significados
na natureza não há sentimento
e assim será
seu rosto é tão lindo
você parece feliz
mas eu vejo a sombra da morte
bem ao seu lado
sem contar o acaso do seu nascimento
poderiam ter te abortado
quem sabe ?
esses pensamentos te deixam recesosos
nada daquele paraíso que te prometeram
voce é um orfão
desde o nascimento.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

minha vontade era todos os dias
uma poesia te fazer
mas você não gosta dessas coisas
disse até que gosta de homens que te batem
na cara
fazer o que ?
eu bato, mesmo que a contra-gosto
pra não te perder...

terça-feira, 6 de maio de 2008

álcool

a sensualdidade do vinho que escorre entre lábios
a quase inofensiva cerveja que é bebida em litros e mais litros
os destilados provocam uma embriagez lunánica.
a bebida me leva à outros lugares
algo na voz do blues man que quando entorno uma garrafa
de vinho, ela- a voz ou a gaita- transborda pelos poros
o buteco em que me encontro torna-se mais brilhante
mais vivo.
as pessoas dão a falar como loucas
os sentimentos se intensificam
a desinibição provocada pelo álcool
desenha um ambiente perfeito
para coisas incríveis acontecerem
daí nasceu a orgia, e talvez o próprio amor
cada pessoa tem um demônio guardado
que só aparece quando se está bêbado
alguns ficam violentos, outros deprimidos
mas a regra é a felicidade
o encontro,a conversa, o riso zombeteiro
é um breve e infantil dizer não
às coisas sérias da vida
o álcool é o supérfulo e o tão necessário
o que seria da vida sem a cachaça?
a poesia não está na lua
nem no mar, nem nas estrelas...
a poesia agora é crime, contrabando
está no sangue que mancha o asfalto
poesia agora é poluição
out door de um anúncio qualquer
o poeta não mais ama, odeia.

terça-feira, 29 de abril de 2008

eu prometo, eu juro, eu imploro que
esse poema seja o último que escrevo para você
que esse simples poema reflita a dor e o alívio
do último suspiro.
o último bater de asa de um corvo
um fechar a porta e nunca mais voltar
um aperto de mão, um beijo, uma abraço
um fim sombrio e solitário
uma dor que já não dói
uma saudade que não aperta
um amor que não chora
enfim, que seja leve e terrível
como o crepúsculo
que cheire à mato fresco
nossa despedida
à chuva que banha um campo seco.
Na impossibilidade de te ter
fico cada vez com menos opções de ação
sua imagem como um fantasma de alguém que já morreu
a me perseguir, como uma monalisa satânica e melancólica
não posso mais dizer nada
me escondo atrás desses versos
só agora descubro o que tenho em comum
com a população carcerária e dos manicômios
você representa para mim uma boa lembrança
e nada mais..
Ando escrevendo muito e lendo pouco
um mar de coisas aconteceram nos últimos tempos
e de pensar que fatalmente vou te esquecer
sou tomado por calafrios
vou te esquecer porque todos sempre esquecem
daqui a vinte anos pode ser que de súbito
você me venha à cabeça

me entreguei de corpo e alma à boemia
abuso de estimulantes e tranquilizantes
vejo-me num profundo dilema:
cortar os pulsos ou cometer um assasinato
nossa estória foi o verdadeiro "não ser".
Seus peitos pequenos
desejo suga-los
depois de os ter cheirado
roçar minha barba em você
esquecer as delicadezas e te jogar no chão
subir em você, dominar
com minhas mãos vou te ensinar a masturbação
sugar seu caldo mais íntimo
beijar delicadamente...seu cú.
Seu nome ainda ecoa nos meus sonhos
medos, delírios, acordar toda a noite
suor, calafrios
como és bela, minha pequena
seus lábios carnudos irradiavam sorrisos
sua inocência é que me matava
os traços de seu rosto
dizem que você é jovem, nunca sofreu
você é tão pura como vodka tri-destilada
branca, cristalina, suave e entorpecente
o que eu posso fazer?
o que eu posso fazer?
sendo eu um decaden´t
senil apesar de jovem
apesar de já ter visto a morte
ter já matado e morrido
tantas vezes..
talvez eu não tenha nada para te acrescentar.
flor de maracujá
pingo de minha sagrada morfina
na falta de seus braços
passo meus dias num eterno mormaço
sem você vivo em um ostracismo
fumar...beber...e cheirar cocaína.

já disse que te amo
te mostrei boas músicas
tentei te explicar as coisas do mundo
sonhei em te ter como minha companheira de viagens..

agora não sei mais o que dizer
embora tudo parecesse favorável
à nossa vida e felicidade
o mundo nunca é fácil

viver é sofrer
amar é sofrer
morrer é enfim sorrir ...

terceira parte- poema elementar

passe um tempo na cadeia
pegue dinheiro emprestado
monte um bar e beba ele todo
os dias de chuva são lindos
mulheres alcoolatras têm seu charme
seja solteiro. case apenas aos noventa
com uma adolescente que queira te dar o golpe do baú
piche o muro do planalto central
se necessário exploda um ônibus
compre um treno, corte o cabelo, raspe a barba
em um domingo normal vá à igreja universal
e deixe lá uma maleta de explosivos e ponha tudo para o ar
sente na frente para não deixar os pastores impunes
organize um plano, pague o preço.

poema elementar-parte 2

banhe-se no mar nu
fôda em público
se masturbe em sala de aula
invada o banheiro feminino e coma alguém lá
não olhe para o relógio
olhe nos olhos
aperte mãos e peitos
falte a alguma coisa
esqueça de alguém
sacrifique um cordeiro, ou uma virgem
esquecer é arte
mudar é rotina
seja viciado em alguma coisa
tenha manias, morra de alzheimer

POEMA ELEMENTAR- parte um

A solidão traz à tona questões delicadas
um amigo que morreu a pouco
uma tentativa frustradada de suícidio

Ama a noite
vê que as prostitutas são santas
ser nômade, fugir, pensar em
mudar radicalmente

tem no vinho sua alegria
na maconha sua paz
no lsd sua loucura

recitar poesia não é tão bom..
escrever que é verdadeiro

ouça um bom blues
apaixone-se
se perca, se permita
nem seja tão exigente consigo
a vida passa mansa
e a ansiedade é um erro.
parece que a angústia juvenil pode passar
um sereno morno e confortante repousa sobre meu ser
agora é preciso traçar um plano, ser fiel á nós mesmos
ouvir o outro, mas saber sempre o que queremos
aquela paixão avassaladora e doentia passou
o que existe é uma serenidade e um contentamento
com ofuturo e a morte
é preciso ter calma e força e sede
sonhar o mais alto possível
amanhã saberei para que vim ao mundo
posso ter escolhido, ou não...
o importante é sempre seguir sem medo.

L.S.D

uma gota
uma microgota
o mistério é inodor
invisível, molecular
tremendo, exagerado
mostra-me o belo
torna-me anterior
abstrato
causal
uma notícia evidente
enfim, existir, ser
pastar como uma vaca
ou ladrar feito um cão vadio.

as portas

enquanto ouço the doors
danço com a melhor parte da viagem, com a viagem
imagino que é noite
eu em um carro atravesso uma reta interminável
ao meu lado minha garota, minha vaidade
estamos meio tontos por causa do uísque quente

é uma grande fuga essa nossa jornada maluca
parando em postos de gasolina
dormindo em moteis que muitas vezes
pertencem à zumbis
acordar no meio da noite
tiros. uns sete. parece execução

nos olhamos profundamente
não foi ainda nossa vez
mas tenho certeza de que
morreremos juntos
nosso sangue se confundirá
numa só poça
e esse amor pulsa
morre e renasce a cada foda
por todas as madrugadas que passamos juntos
combinamos feito a navalha e a carne ...

juventude 2

vontade de vida no peito
uma pressa inconsciente
como sou feliz..
como brinco com a vida e a morte...

juventude 1

tudo se resume à paixão
ser jovem..
jogar pela janela todas as oportunidades
errar, errar
ser jovem é ser eterno
apostar todas as fichas

velhice

e de repente me olho ao espelho
o tempo curou todas as angústias
tive amores aos milhares
garrafas de uísque, maços de cigarro
marcas de batom...
apresentações, aperto de mãos
tirar a roupa com pressa
meter e esquecer de tudo o mais...
queria ser alguém
dizem que até fui
tive alguns livros publicados
mas agora os dias são tão cinzas
quanto meu cabelo
minha terceira esposa morreu a um mês
meus filhos parecem felizes
meus netos me odeiam
mas eu insisto em viver
em alguns instantes até penso em morrer
a morte seria o prêmio
diante de tantas filas enfrentadas
brigas, casamentos, separações
mudanças radicais, vitórias..
sinto que hoje enfim vou morrer
e de repente não terei tempo de fumar mais um cigarro...
meu amor, minha doce desesperança
você é como o pó que corrói meu nariz
você é a cirrose de minnha existência
meu amor é grande, meu pensamento limitado
não quero me casar com você
preciso de tempo, preciso de espaço
fazer poesia requer solidão
só um telefonema em uma madrugada
- qualquer-
bastaria, bastaria...
diga-me, por favor, que eu tenho algum valor
que meu rock and roll é pirado e cool
confesse entre soluços
que só minhas mãos são capazes
de te fazer gozar...