E a arte nada mais é do que a necessidade fisiológica do artista. Música, poesia, pintura, a arte é a paranóia da humanidade. O artista delira, deliria livremente. Procura por todas as partes. Pode não ser especialmente feliz com a existência, mas tem algo a dizer e disso não abre mão. O artista admira sobretudo os mortos, daí vem a solidão e a madrugada fria e silênciosa. O dia, pode-se ver, emana poesia, o fluxo dos ventos lambe a vegetação, pássaros cantam, carros buzinam. Porém, é a noite que oferece a lua como uma mulher despida e, na forma de luz amarelada, espalha essa essência dramatica nos ares da cidade. O verdadeiro artista anda anônimo entre bares, senta, pede uma bebida forte e puxa conversa com quem aparecer. Está meio confuso, não consegue ter certeza de seu potencial, tem um segredo guardado: acabara de escrever uma obra-prima, ninguém percebeu sua mudança, apenas ele mesmo. Vomitou palavras, inventou uma estória, lembrou de outras, modificou outras tantas, mas agora parece que respira aliviado. Depois de ter escrito tudo aquilo provavelmente será perdoado, pelo menos por um instante. Ele não olha para o mundo ao redor, parece que sobrevoa.
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