domingo, 28 de setembro de 2008

Apanha por todas as fraquejadas que você cometeu, por que tão imaturo, apanha e sangra, pois eu quero fazer um templo para esse seu falso sofrimento, para essa ilusão que te alimenta e te consome. Chora que eu quero rir da sua miséria, a vida sempre dá presentes enquanto tanta gente se enforca em plena primavera. Um dia de sol, seu nome era Amanda, selvagem, saiu com suas amigas para a noite. Viu dramaticamente seu namorado beijando outra boca, aquilo foi demais, não era para ele ter feito aquilo, não depois de tudo, depois de chupa-la toda pelo avesso, sugar seu fluido mais diabólico. Chegou em casa e olhou meio tonta para doze andares de queda livre, não deu outra, se jogou sem pensar, como tudo que ela fez em vida, se jogou sem pensar e hoje seu cadáver já deve ter sido devorado pelos vermes do cemitério.

Cerimônia discreta, nenhuma nota no jornal local, sua morte passou desapercebida, sua mãe contraiu uma moderada ansiedade após sua morte, parece que sua vida se dissolveu junto com sua filha, dormiu dopada uma semana e acordou doida. E então a cidade caminhou devagar como em tempos de mormaço de verão, uma preguiça mole deixava João Vitor deitado na cama, hoje ele ia casar.. mas não foi

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Homenagem ao senhor Friedrich Nietzsche

Não me venha com esse papo de salvação
o paraíso que promete não me atrai
nada de perfeição e ausência de dor
não cometo pecados, porque não existe o pecado
espero apenas ser, de fato, uma ponte
entre o macaco e o super-homem
meu caminho é a vontade de poder
a vontade de vida e a celebração da mesma
ando pela rua e vejo a face da miséria
o sofrimento que empalidece todo calor humano
estão todos paralisados pelo trabalho sem finalidade
e pela falta de liberdade de pensamento
parece que todos cultuam e esperam a morte
que morram, pois, logo de uma vez!

à natalie

ó musa enterna
responsável por todos os meus poemas
melodia de todos meus cantos
causadora de minhas dores
e alegrias supramas
sua beleza é evidente,
está na cara
uma beleza psicodélica, eu diria
tu és um argumento a mais
para se dizer "sim" a vida
e por ti abro essa garrafa de vinho
e bebo cada gole como se fosse um beijo
só assim posso suportar essa distância
entre nós...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

canto do amanhecer

na fria noite
um silêncio perturba
a solidão guarda
uma liberdade amarga
fechar os olhos e voar
talvez fosse isso felicidade
como uma águia
branca e implacável
tão cheia de si
que fita o sol
sem queimar os olhos ..

fragmentos

lábio, língua, lascívia
corpo, toque, arranhão
cama, lençóis e o chão
caldo, suor, perfídia

do seu corpo quero escravidão
quando me açoita, convalesço

chicote, couro, cocaína
espelhos, vermelho, batom
pacto, traição, morte
sangue, navalha e o corte

do seu olhar quero essa paixão
quando bebo seu sangue, renasço.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

rimas pobres para namoros mediocres

a vida não te quis em meu braço
o que eu poderia fazer então
implorar, te matar subitamente de paixão?
do presente que te dei nem arrancaste o laço

ás vezes em sonhos vontade
tenho de pedir à satanás
que de volta te traga sem alarde
pois sem isso não viverei em paz

o que me salva são os amigos
que ouvem, aconselham e dão abrigo
das frescas uvas se faz o vinho
e para a tristeza basta estar sozinho

por ti nutri os mais belo sentimentos
tão nobres que não os teria novamente
virgem como tu só no convento
faço sem problema o papel da serpente

mas enfim minha vida continua
eu bêbado olhando a lua
se eu sou a pupila, tu és a íris
e seu nome rima com arco-íris

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

viver é ter uma dor de dente
pensar na possibilidade de ter
engravidado alguém
e ao mesmo tempo
ter que entregar um relatório
amanhã de manhã...
deus pra mim é um entardecer
visto de cima de um morro
que tem perto aqui de casa
ao seu lado ou sozinho
na cabeça apenas brisa
e na mão uma garrafa de bebida
deus pra mim é ler fernando pessoa
e fumar charuto
espiritualidade no meu caso
é ouvir seu silêncio e nada dizer
o que me salva é a certeza de que todos
estão errados e eu talvez também
meus deuses são todos orixás sensualíssimos
debochados e farreiros ..
liberdade é escrever bobagens
e chamar de poesia, por fim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

pequeno talismã
pedra rubra e incandescente
brilho intenso
fogo de palha
imersa em devaneio
seu silêncio me acalenta
não tenha medo do precipício da paixão
estou bem perto dele e te chamo...
não sei se vem, se vier não demore
eu já pulei e te espero lá...
como eu poderia expressar meu amor por você,
minha pequena junkie??
seu cabelo desgrenhado representa sua liberdade
suas tatuagens, seus piercings, seu alcoolismo
você é caoticamente bela
seus labios ressecados precisam dos meus -úmidos-
para largar de vez a manteiga de cacau
essa sua estória de foder com homens e mulheres
diria até que te amo, mesmo sendo lésbica.