sábado, 15 de agosto de 2009

apartamento 201, bloco A, vista para os fundos

dei-me um trago de morfina
para recordar de tantos mundos
nunca vistos
enquanto o beijo áspero da agulha
penetra minha carne trêmula
espero enterrar velhas esperanças
amar as mais alvas prostitutas
nesse momento, quase nada posso fazer
estou caído no chão
o cinto que uso como torniquete
deixa escapar um fio de sangue
estou só e incapaz
se hoje for meu dia
nem forças terei para chegar ao telefone
agora lembranças doces
povoam minha embriaguez
um cheiro de dama-da-noite
inunda meu apartamento
meu fétido e decadente apartamento
no auge de minha insensatez
penso em um grande amor que tive
não tinha hora melhor para lembrar disso?
todo mundo teve um grande amor.

Nenhum comentário: